DOENÇAS DOS CABELOS
E do Couro Cabeludo
A tricologia é uma área da Dermatologia que diagnostica e trata todas as doenças relacionadas aos cabelos e ao couro cabeludo. Ou seja, o médico tricologista é aquele que estuda toda a estrutura capilar, desde como nascem os cabelos até as patologias que causam a queda ou alterações nos mesmos. Conheça mais sobre as principais doenças:
O eflúvio telógeno ocorre quando há aumento significativo da perda de cabelos na fase telógena (fase de queda ou desprendimento dos fios). Isso ocorre em situações como pós-parto, emagrecimento em curto período, deficiências nutricionais (ferro, zinco, vitamina B12), durante início do uso ou suspensão de anticoncepcional oral, doenças sistêmicas (ex: hipo ou hipertireoidismo, lúpus etc.), uso de medicamentos, infecções prévias (infecção urinária, pneumonia, dengue), febre alta, pós-cirurgias, estresse agudo.
Perder cerca de 100 fios diários é considerado normal, quando a queda ultrapassa essa quantidade, deve-se suspeitar dessa doença.
Cerca de 50% das mulheres podem vir a apresentar algum grau do problema ao longo da vida. Ao contrário dos homens, em que a calvície acomete principalmente as entradas e a vértex, nas mulheres tipicamente a perda de cabelos se dá modo difuso e predominantemente na região superior e central do couro cabeludo.
A linha frontal dos cabelos tende a ser preservada nas mulheres. A calvície de origem genética e hormonal é a mais comum entre as mulheres, mas pode ocorrer também com a diminuição dos hormônios femininos ou devido a outros tipos de alterações hormonais. As mulheres comumente têm também outras causas conhecidas de queda de cabelos como o estresse, desnutrição e pós-parto, todos passíveis de reversão
É a causa mais comum de queda de cabelos em homens, sendo estimado que cerca de 50 a 70% da população masculina desenvolverá algum grau de calvície até idade dos 70
anos. A calvície acontece por uma combinação de hereditariedade e hormônios chamados andrógenos, sendo a testosterona e a dehidrotestosterona (DHT) os principais. A tendência para a calvície pode ser herdada geneticamente tanto do lado paterno quanto materno, e em geral se inicia após a puberdade.
Os cabelos geneticamente afetados pela dehidrotestosterona (DHT) são em geral os das regiões frontal, superior e coroa (vértex). Os cabelos das regiões laterais e nuca não são
afetados pela DHT.
Afecção frequente que pode acometer até 2% da população. É caracterizada por áreas de alopecia arredondadas ou ovais, com localização mais comum no couro cabeludo. Pode ser localizada, total (afetando de forma generalizada o couro cabeludo) e até universal, com perda total de pelos e cabelos do corpo. Normalmente acomete adultos jovens e crianças. A incidência é igual em ambos os sexos e sua etiologia é desconhecida. A associação com outras doenças auto-imunes (Vitiligo, doença de Hashimoto e hipoparatireoidismo) sugere um processo auto-imune antibulbo piloso.
O início é abrupto, com alopecia em áreas circulares ou ovais, única ou múltiplas. A placa é lisa e brilhante, apresentando em sua borda pelos peládicos (são pêlos facilmente removíveis e com afilamento em direção à raiz – semelhante ao ponto de exclamação). A sua presença indica atividade da doença. Diagnósticos diferenciais incluem Sífilis secundária (aparência de “roído de traça”), Tinha do couro cabeludo, Tricotilomania, Alopecia por tração, lúpus eritematoso cutâneo crônico em fase inicial e Alopecia androgenética.
As ocorrências repetidas e o acometimento de outras áreas (barba, sobrancelha e cílios) são eventos de pior prognóstico. Depressões puntiformes das lâminas ungueais podem
acompanhar os casos.
A perda dos cabelos resulta da parada ou da lesão dos pelos na fase anágena, na qual se desprendem sem passar pelas outras fases do ciclo. Geralmente o início
é rápido e extenso.
São causas de eflúvio anágeno:
– radioterapia;
– quimioterapia sistêmica;
– drogas citostáticas/imunossupressoras;
– desnutrição protéica grave;
– intervenções cirúrgicas prolongadas;
– sífilis secundária.
Doença mais comum em mulheres de meia-idade, o líquen manifesta-se pela vermelhidão e descamação do couro cabeludo. Se não for tratada rapidamente, leva à perda permanente dos cabelos no local, chamada de alopecia cicatricial.
É considerada uma variante de líquen plano pilar, e acomete mais frequentemente mulheres após a menopausa. É comum aparecer nas sobrancelhas. No couro cabeludo, a área de alopecia se inicia na linha frontal, tornado a pele desta região fina e pálida e com aumento das entradas.
É uma forma de alopecia cicatricial ou irreversível. Sua frequência tem aumentado exponencialmente nas últimas décadas. Sua causa é desconhecida, mas está associada
a fatores hormonais e genéticos.
O lúpus eritematoso cutâneo crônico geralmente acomete apenas a pele e/ou o couro cabeludo, tendo associação com lúpus sistêmico em apenas 20% dos casos. Inicia-se com placas eritematosas (avermelhadas), evoluindo para alopecia cicatricial, com eritema, atrofia, hipopigmentação variável e/ou tamponamento folicular.
A alopecia de tração é mais comum em mulheres que usam apliques ou penteados que tracionam demais os cabelos, leva a áreas com redução da densidade dos cabelos. Caso a tração seja frequente, pode gerar áreas de alopecia definitiva.
A alopecia cicatricial central centrífuga é mais comum em mulheres negras, acomete preferencialmente a região do vértice (“coroa”) de caráter progressivo. Pode estar associado com prurido (“coceira”) e aumento da sensibilidade local.
Suspeita-se que um fator desencadeante seja o uso de tratamentos capilares agressivos, como alisamentos térmicos ou químicos.
Doença que ocorre mais frequentemente nos homens com tendência a acne, essa infecção crônica dos folículos pilosos pode, nos casos mais graves, deixar fibroses ou cicatrizes do tipo queloide.
É uma doença causada por diferentes fungos, que provocam perda de cabelo localizada. Há o surgimento de placas, que podem inflamar e até infeccionar. Adquirida pelo contato com indivíduos infectados, animais doentes ou portadores (particularmente cães e gatos) ou com a própria terra. Caracteriza-se por placas únicas ou múltiplas no couro cabeludo associadas à descamação e pelos tonsurados. O diagnóstico é realizado pelo exame micológico direto e cultura do fungo.
A foliculite decalvante inicia com descamação, prurido (coceira) e pústulas no couro cabeludo, evoluindo para áreas de alopecia, geralmente como placas elevadas com crostas e politriquia (vários fios saindo de um mesmo orifício).
Já a dissecante consiste em nódulos e abscessos dolorosos e intercomunicantes no couro cabeludo, gerando áreas de alopecia.
A sífilis é uma doença infecciosa, sexualmente transmitida, em pode ocorrer perda de cabelos em “clareiras”. A presença de micropoliadenopatia, dados de história e sorologia confirmam o diagnóstico.
O tratamento é realizado com antibiótico e os cabelos voltam a crescer.
Popularmente conhecida como caspa, a seborreia ou dermatite seborreica está diretamente relacionada à alteração na produção de sebo pelas glândulas sebáceas, aumentando, assim, a oleosidade do couro cabeludo. Outros causadores da doença são o desequilíbrio na colonização de espécies de fungos e bactérias e uma resposta inflamatória desregulada. Os sinais incluem regiões avermelhadas na pele, geralmente em placas ou crostas, associado à coceira e descamação.
A psoríase é uma doença de pele associada à herança genética, que aparece mais frequentemente em joelhos e cotovelos, mas também pode acometer o couro cabeludo, onde muitas vezes é confundida com a dermatite seborreica.
Leva a uma descamação intensa e esbranquiçada, seca e aderente que com geralmente ultrapassa os limites do couro cabeludo, diferentemente da dermatite seborreica.
As alterações da cor da haste pilosa podem ser adquiridas, congênitas ou consequentes ao envelhecimento progressivo do cabelo.
O embranquecimento dos cabelos (canície) é um processo natural. Está correlacionado com a idade cronológica e varia em graus individualmente. Em caucasianos, a incidência normal de cabelos brancos é de 34+/- 9,6 anos e em negros, 43,9 +/- 10,3 anos. É descrito que, com 50 anos de idade, metade da população apresenta 50% dos seus cabelos brancos. Esse processo decorre da diminuição da produção de melanina pelos melanócitos da matriz.
Displasias pilosas são alterações da haste do pelo. Podem ser congênitas ou adquiridas.